Pesquisa no RS pode resultar em vacina para o câncer de próstata
Nos testes, vacina diminuiu o índice de mortes de 19% para 9%.
Doença é o segundo tumor que mais mata homens no estado e no país.
Ao misturar uma substância chamada “modulador do sistema imunológico” em algumas células doentes, o médico Fernando Kreutz conseguiu fazer com que células que antes ficavam escondidas do sistema imunológico no organismo mudassem de cor e se tornassem visíveis.
“Nosso sistema imunológico não consegue enxergar que aquela é uma célula tumoral, é como se ela ficasse invisível. Eu consegui fazer com que essa célula, que antes era invisível, se tornasse visível. Marquei a célula como se dissesse ‘olha, sistema imunológico, ataca ela porque ela é uma célula que tu precisa descobrir’”, explica Kreutz.
A partir desta descoberta, o pesquisador começou a produzir uma vacina usando células doentes retiradas do próprio paciente. As células são reproduzidas em laboratório, bombardeadas com radiação e morrem. A estrutura celular, já sem o câncer, recebe então a substância moduladora e é aplicada no paciente como vacina. “O sistema imunológico reconhece isso e prolifera, multiplica essas células que vão destruir o tumor”.
Vinte e dois homens fizeram o tratamento convencional, apenas com radioterapia e hormônios, enquanto 26 receberam também as doses da vacina. Depois de cinco anos, a avaliação mostrou que, no primeiro grupo, 48% dos homens estavam com a doença indetectável, ou seja, aparentemente curados. No grupo que tomou a vacina, esse índice saltou para 85%. Outro dado deu ainda mais esperança aos pesquisadores: a redução do número de mortes que, nestes casos, tem um índice médio de 20%.
“No grupo de controle que recebeu o tratamento convencional, tivemos 19% de mortalidade, exatamente o que era esperado estatisticamente. No grupo vacinado, tivemos uma mortalidade de 9%. Isso significa que a chance de o paciente morrer fazendo o tratamento convencional foi de uma em cada cinco pessoas, enquanto no grupo vacinado foi um em cada 11 pacientes.
Na próxima fase, 400 homens de todo o país vão participar da pesquisa. A produção da vacina ainda não tem data prevista.
credito:globo.com
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