A Despedida
A leitora que se identifica como
Daluli nos enviou o seguinte relato:
"Esta aconteceu com meu avô que,
preciso dizer antes de iniciar a história, era um católico ferrenho e não queria
nem saber de histórias de assombração.
Ele trabalhava ali na Rua da
Imperatriz (no centro de Recife) e morava perto do Colégio Salesiano. Nunca
aprendeu a dirigir e sempre fez o trajeto casa-trabalho-casa a pé, chovesse ou
fizesse sol, isso durante várias décadas. E, claro, com o tempo fez amizades
pelo caminho. Ao menos uma vez por semana, encontrava um velho conhecido que
fazia mais ou menos o mesmo trajeto, e então seguiam juntos conversando,
conhecido esse que chamarei de \"seu Mariano\".
Um belo dia, voltando
pra casa no fim do expediente, meu avô encontra com seu Mariano novamente e
seguem caminho com a conversa bem animada ate o ponto onde Mariano se despedia e
entrava na rua que morava, e meu avô seguia o seu trajeto. Quando ele chega,
encontra minha avó que sempre conta as novidades e fofocas do dia. Ela que tinha
a mania mórbida, sabe-se lá por que, de ler os obituários dos jornais
diariamente, conta: \"Ah você não sabe quem faleceu ontem: seu Mariano que mora
aqui perto; teve um ataque de repente e pronto!!!\"
Meu avô, com
todo seu catolicismo, olha pra ela (com aquela cara dizendo "tá doida é?") e
diz: \"deve ter sido outro, pois ainda agorinha ele estava comigo; voltamos
juntos conversando, como sempre fazemos\". Ela pega o jornal, abre na página de
óbitos e mostra a ele. Nos \"finalmentes\", era o Mariano que tinha andado e
conversado com ele como sempre faziam - só que o dito cujo já estava morto desde
o dia anterior. Acho que foi o jeito dele se despedir do amigo..."
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