quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Despedida

A Despedida



A leitora que se identifica como Daluli nos enviou o seguinte relato:

"Esta aconteceu com meu avô que, preciso dizer antes de iniciar a história, era um católico ferrenho e não queria nem saber de histórias de assombração.


Ele trabalhava ali na Rua da Imperatriz (no centro de Recife) e morava perto do Colégio Salesiano. Nunca aprendeu a dirigir e sempre fez o trajeto casa-trabalho-casa a pé, chovesse ou fizesse sol, isso durante várias décadas. E, claro, com o tempo fez amizades pelo caminho. Ao menos uma vez por semana, encontrava um velho conhecido que fazia mais ou menos o mesmo trajeto, e então seguiam juntos conversando, conhecido esse que chamarei de \"seu Mariano\".



Um belo dia, voltando pra casa no fim do expediente, meu avô encontra com seu Mariano novamente e seguem caminho com a conversa bem animada ate o ponto onde Mariano se despedia e entrava na rua que morava, e meu avô seguia o seu trajeto. Quando ele chega, encontra minha avó que sempre conta as novidades e fofocas do dia. Ela que tinha a mania mórbida, sabe-se lá por que, de ler os obituários dos jornais diariamente, conta: \"Ah você não sabe quem faleceu ontem: seu Mariano que mora aqui perto; teve um ataque de repente e pronto!!!\"


Meu avô, com todo seu catolicismo, olha pra ela (com aquela cara dizendo "tá doida é?") e diz: \"deve ter sido outro, pois ainda agorinha ele estava comigo; voltamos juntos conversando, como sempre fazemos\". Ela pega o jornal, abre na página de óbitos e mostra a ele. Nos \"finalmentes\", era o Mariano que tinha andado e conversado com ele como sempre faziam - só que o dito cujo já estava morto desde o dia anterior. Acho que foi o jeito dele se despedir do amigo..."

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